Conversamos com Maria Fernanda Elias Maglio sobre seu romance "Você me espera para morrer?" (Editora Patuá, SP, 2023, 184 p.). O livro apresenta um texto de orelha da Micheliny Verunschk (já entrevistada aqui no canal) e é a estreia de Maria Fernanda no gênero romance.
Na sinopse da editora, o romance é descrito assim: "Você me espera para morrer? Esta é a pergunta que está nas entrelinhas do pacto feito entre Ilana, personagem principal, e Aline, sua irmã gêmea, depois de assoprarem uma vela de mentira espetada em um bolo de barro. Muitos anos depois, cada vez mais sozinha e introspectiva, Ilana continua esperando o retorno da irmã que foi embora e nunca mais voltou."
Maria Fernanda Elias Maglio nasceu em Cajuru-SP, em agosto de 1980. É escritora e defensora pública, trabalhando na defesa de pessoas pobres em cumprimento de pena. Foi finalista do Prêmio Sesc de Literatura em 2016 e 2017. Publicou pela Editora Patuá: “Enfim, Imperatriz” (Prêmio Jabuti de contos em 2018), “179. Resistência” (Prêmio Biblioteca Nacional em 2020, categoria Poesia) e “Quem tá vivo levanta a mão” (finalista dos prêmios Candango e Oceanos 2022).
Na conversa, Maria Fernanda foi perguntada inicialmente sobre o que significa escrever um romance no seu percurso literário, já que vem dos contos e da poesia. Considerando-se "uma romancista em processo", a autora refletiu sobre a passagem de uma escrita muito orgânica nas narrativas curtas e nos poemas para um procedimento textual que envolve planejamento e estruturação de longa duração, no caso do romance. Ela relatou como uma personagem de um de seus contos, Ilana, ganhou importância a ponto de protagonizar "Você me espera para morrer?". Também refletiu sobre suas preferências de gênero textual e como chegou ao título do romance. A autora discutiu a construção da personalidade da personagem principal, atenta à correlação entre dois tempos e duas vozes narrativas diferentes. Maria Fernanda apontou a condição de "fotografias" para os capítulos em terceira pessoa e a busca de uma imersão na subjetividade e nas contradições mais subterrâneas da protagonista nos capítulos em primeira pessoa. A seguir, a romancista respondeu sobre a associação em geral feita pela crítica quanto à dupla condição de Maria Fernanda, escritora e defensora pública. Para ela, isso acontece principalmente no trato da violência, como temática e como linguagem. Alguns exemplos de "Você me espera para morrer?" foram evocados nessa resposta, contextualizando situações vividas pelas personagens. Enfatizando a condição artística da literatura e sua preocupação com o trato da linguagem, a entrevistada explicou como entende a "utilidade" da literatura. Por fim, Maria Fernanda contou um pouco de sua rotina de produção literária, relatando inclusive a escrita em simultâneo de contos e romance. A autora ainda leu um trecho do romance. Foi uma conversa ótima!
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