"VOCÊ SABE A DIFERENÇA ENTRE A TEOLOGIA PENTECOSTAL E A TEOLOGIA REFORMADA?"
Humberto Pereira da Silva Humberto Pereira da Silva
1.03K subscribers
12,932 views
1K

 Published On Sep 11, 2022

VOCÊ SABE A DIFERENÇA ENTRE A
TEOLOGIA PENTECOSTAL E A TEOLOGIA REFORMADA?


Quando um teólogo pentecostal pergunta para um teólogo reformado se ele é batizado no Espírito Santo, a resposta pode ser positiva, mas o entendimento sobre o batismo no Espírito Santo é diferente entre o pentecostal e o reformado.
Para o reformado o batismo no Espírito Santo se dá quando o salvo é inserido no corpo místico de Cristo e o Espírito Santo passa a viver nele, enquanto para o pentecostal a evidência desse batismo são as línguas estranhas, a glossolalia.
Num sentido geral, amplo, a grande maioria dos teólogos pentecostais se reconhecem reformados, isso por que, os teólogos pentecostais usam o termo reformado para dizer que não é adepto da teologia católica, assim o termo reformado assume uma abrangência enorme, aliás, é a mesma abrangência que o termo evangélico alcança hoje.
Mas olha só, é preciso pontuar que desde o início da reforma sempre houveram diferenças teológicas abissais entre os grandes reformadores, Jacob Arminio e Jonh Calvino, que teologizavam a soteriologia, doutrina da salvação, e a hamartiologia, doutrina do pecado, de forma diferente, e isso cresceu a um tal ponto, que surgiu a necessidade de se organizar um sínodo internacional para debaterem essas questões, isso deflagrou o Sínodo de Dort, em 1618/1619, na cidade de Dordrecht, na Holanda.
Nem Armínio, nem Calvino participaram do Sínodo de Dort, Armínio morreu uns 10 anos antes do sínodo, mas a sua teologia foi representada por outros teólogos arminianos, aliás, arminiano, calvinista, são termos nossos tá, em Dort os teólogos arminianos eram chamados de remonstrantes e todos se reconheciam como reformados.
No Sínodo de Dort os teólogos arminianos, os remonstrantes, apresentaram os 7 pontos da remonstrância por 6 meses, sendo rejeitados pelos reformados calvinistas.
Esses teólogos reformados estabeleceram os Cânones de Dort, que, diga-se, não foram assinados pelos remonstrantes, aí está o marco diferenciador da teologia protestante e da teologia reformada.
Então, tecnicamente, a teologia reformada é aquela que defende não apenas os cinco Solas da Reforma, como faz a teologia protestante. Se você perguntar para um teólogo protestante ele vai dizer que é reformado, por que abraçou os cinco solas, mas do ponto de vista histórico, a teologia reformada é aquela que, além dos cinco Solas, adotou os pontos do Calvinismo, a chamada TULIP. Tecnicamente, a teologia reformada não é protestante, é calvinista, porque aceita a catequese de Heidelberg, a confissão belga e outros documentos de fé.
Só pra não passar batido, a TULIP é um acróstico para facilitar o entendimento dos cânones de Dort.
Nessa altura, nem preciso dizer que a teologia pentecostal tem os dois pés na teologia protestante/arminiana/holandesa, que se contrapôs a teologia reformada/calvinista/suíça.
Mas olha só, por favor, eu não estou aqui dizendo que a teologia produzida por pentecostais não seja boa, pelo amor de Deus meus irmãos pentecostais, não é isso que eu estou dizendo!
Estou apenas apontando as diferenças entre uma teologia e outro.
É por que existe um padrão de se fazer teologia reformada, que é o padrão racionalista, manualístico, que na linguagem técnica se chama catafática, pelas Escrituras você define o que Deus é, você define quem é o Espírito Santo. Esse é o método padrão filosófico-conceitual, mas esse método de se fazer teologia não se encaixa na visão da teologia pentecostal, por que não dá pra pensar em Deus como se fosse um dado, que você já sabe as possibilidades de 1 a 6.
Então, como o pentecostal fala de Deus?
A teologia pentecostal tem um jeito de pensar a fé, uma maneira de se relacionar com Deus que começa desde a liturgia, a teologia pentecostal sente Deus, a teologia pentecostal vive Deus.
A base dessa teologia pentecostal está em 4 pressupostos que são a (1º pressuposto) sobrenaturalidade divina (Deus é imanente, mas também transcendente, Ele interfere no aqui e no agora e isso impõe imprevisibilidade), (2º pressuposto) a sinergia (apesar do ser humano não tem plena capacidade de livre arbítrio, por causa da queda, mas ele é responsabilizado por suas escolhas, ao dar lugar ao divino ou ao profano), (3º pressuposto) o dinamismo (ou seja, na teologia pentecostal Deus não é um motor estático, Ele não está parado, Deus vem pra nossa realidade curando, libertando e batizando no Espírito Santo, é aí a glossolalia assume relevos gigantesco, é o que eles chamam de presença continua e presença extraordinária do Espírito Santo) e o (4° pressuposto) é a continuidade, ou seja, os atos de Deus não se esgotam nos textos bíblicos canônicos.

Esses pressupostos se chocam frontalmente com a nossa maneira de se pensar a teologia reformada-racionalista-catafática, produzindo diferenças marcantes entre uma teologia e outra.

show more

Share/Embed