Como Chacrinha morreu?

Chacrinha foi um dos maiores comunicadores de rádio e televisão do Brasil, apresentando programas de auditório que marcaram a história da mídia nacional. Ele tinha um enorme prestígio entre os artistas e o carinho e a fidelidade da população brasileira, que se reunia para assistir ao seu programa.


José Abelardo Barbosa de Medeiros, nasceu no dia 30 de setembro de 1917, na cidade de Surubim, no agreste de Pernambuco. Ele era filho de um comerciante e de uma dona de casa, e tinha mais cinco irmãos. Ainda na infância, mudou-se com a família para Caruaru, e depois, aos 10 anos de idade, para Campina Grande, na Paraíba.  

Sua primeira oportunidade nas rádios cariocas, foi como locutor na Rádio Tupi. Em 1943, trabalhando pela Rádio Clube Fluminense, ele lançou um programa de marchinhas de carnaval chamado "Rei Momo na Chacrinha", e depois o programa recebeu o nome de "Cassino da Chacrinha". Foi nessa época que ele ganhou o apelido de Chacrinha, por causa da chácara onde ficava a rádio.


Seu programa começou a ganhar a atenção do público, por desenvolver uma comunicação informal e irreverente, se destacando dos outros programas da época, que tinham uma comunicação mais formal.  

Em 1944,  o programa recebeu o nome   "Cassino do Chacrinha",  e passou por diversas emissoras de rádio, se tornando um fenômeno de audiência e  revelando grandes artistas da época.

com seu sucesso nas rádios,  Chacrinha não se contentou e resolveu investir na televisão, que era uma novidade na época. Em 1956, estreou na TV Tupi, com o programa Festa no Arraial. Depois, apresentou outros programas na mesma emissora, como Musical Selo de Ouro, Sucessos Mocambo, Clube da Camaradagem e Rancho Alegre. Em 1960, ele levou o seu programa "Cassino do Chacrinha" para a TV, onde continuou a fazer história.  

Em 1972, Chacrinha deixou a Globo, após um desentendimento com José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, conhecido como Boni, que era o responsável pela programação da emissora na época. O desentendimento culminou em Chacrinha quebrando equipamentos do estúdio. Após sua saída da Globo, o apresentador trabalhou em várias outras emissoras, incluindo a TV Tupi, a Record e a Band. Dez anos depois, em 1982, Chacrinha fez as pazes com Boni e retornou à Globo, onde estreou o programa “Cassino do Chacrinha”, que se tornou um marco da televisão brasileira nos anos 80.


O formato do programa se mantinha muito parecido com seus programas anteriores, sendo um programa de auditório, com apresentações de artistas consagrados e novos talentos da música brasileira, além de um show de calouros que era julgado por um júri formado por personalidades da época. O júri podia aprovar ou reprovar os candidatos com uma buzina ou um sino. Os calouros que se destacavam recebiam prêmios como discos de ouro ou troféus.


Outro elemento marcante do programa eram as “chacretes”, as assistentes de palco que dançavam e rebolavam ao lado de Chacrinha. As chacretes eram mulheres bonitas e sensuais, que usavam roupas curtas e justas, e tinham apelidos sugestivos, como Rita Cadillaquí, Fátima Boa Viagem, Índia Amazonense e Fernanda Terremoto.


 Nesse momento a carreira do Velho Guerreiro estava no seu auge, porém o apresentador já não estava com uma saúde muito boa.


Chacrinha tinha o hábito de fumar sete maços de cigarros por dia, e já havia perdido um dos pulmões, em decorrência de um tumor causado pelo fumo.



Com o avanço da doença, ele precisou se afastar por algum tempo, e foi substituído, primeiro por Paulo Silvino, e depois por João Kléber. Quando o Velho Guerreiro, teve melhoras em sua saúde, ele voltou a apresentar o programa, porém João Kléber ainda continuou para dar suporte ao apresentador.

 
Na noite do dia 30 de junho de 1988, por volta das 23h30, o apresentador estava em sua casa na Barra da Tijuca, quando veio a falecer de um infarto do miocárdio e insuficiência respiratória, em decorrência do câncer de pulmão.  Ele estava com 70 anos.

Seu corpo foi velado na Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro. Cerca de 30 mil pessoas passaram pelo seu velório para deixar um último adeus, inclusive muitos famosos como Chico Anysio, Boni, Betty Faria e muitos outros.

O sepultamento de Chacrinha foi realizado no cemitério São João Batista, em Botafogo, no final da tarde. Uma multidão acompanhou o cortejo fúnebre, que foi seguido por um carro de som que tocava as músicas preferidas do apresentador.

Ele foi enterrado segurando entre suas mãos um boné de marinheiro,  e com uma faixa do bicampeonato carioca obtido pelo Vasco da Gama, time pelo qual torcia, e ao lado a buzina que usava em seus programas.


Chacrinha foi um homem que soube se comunicar com o povo brasileiro de forma simples e divertida. Ele foi um pioneiro na televisão e um exemplo de criatividade e ousadia. Ele foi sem dúvida, um dos maiores apresentadores da história do Brasil.

E foi assim que Chacrinha  morreu.

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