Efusão é todo líquido que está dentro de uma das cavidades: abdominal, pleural ou torácica. Fisiologicamente tem uma pequena quantidade de líquido lubrificando as vísceras. E se isso aumenta, pela análise a gente consegue descobrir a causa, seja inflamatória, infecciosa, neoplásica ou por alterações de pressão.

Só lembrando que a pressão hidrostática empurra líquido pra fora do vaso, então se ela aumenta, tem mais líquido na cavidade ou diminuição da pressão oncótica que é a força que as proteínas fazem para segurar o líquido no vaso. Tipo um cabo de guerra...aquela brincadeira que fica a pressão hidrostática de um lado e a oncótica do outro...uma empurra, a outra segura e o líquido fica no vaso. Atrapalhou qualquer coisa desse equílibrio, vai líquido para cavidade.

Agora se você colhe um líquido de um aumento de volume na pele ou na articulação ou glândula salivar, isso não vai ser análise de efusão. Isso vai ser citologia.

E, para enviar isso ao laboratório veterinário, você pode mandar duas amostras: uma com e uma sem EDTA. Assim, se tiver contaminação sanguínea na coleta desse líquido, a amostra com EDTA não deixa coagular. Você pode colocar o EDTA líquido ou colher no tubo pronto com EDTA respeitando a proporção de quantidade de anticoagulante para amostra. E pode colher um pouco sem nada que vc pode deixar na seringa ou em um tubo seco. Mantenha refrigerado e o ideal é avaliar o quanto antes para não haver alteração nas células. Então, se você ainda vai esperar para mandar ao laboratório, faz um squash e envia junto.

Assista o vídeo sobre citologia que lá tem como fazer um squash sem passar vergonha. ;)

É importante você informar de que cavidade é aquela amostra e se tem alguma suspeita clínica, pois a gente consegue mais informações para fazer a avaliação.

No geral, a análise de efusão vai falar se a gente tem um transudato, um exsudato ou um transudato modificado. O transudato é bem semelhante ao plasma sanguíneo quando a gente pensa na composição dele, exceto pela quantidade de proteínas. E aí, de acordo com cada suspeita a gente pode fazer análises bioquímicas pra saber se aquele líquido é urina, se é quilo ou pseudoquilo, se é efusão hemorrágica, se é PIF, se tem células neoplásicas ou inflamatórias ou se tem algum agente infeccioso. Daí a importância de saber a suspeita.

Se você, está pensando em uroperitônio (urina na cavidade), é importante a gente dosar a creatinina do líquido e do sangue. Se o transudato é semelhante ao plasma, as dosagens de creatininas vão ser parecidas. Mas, se o que eu tenho na cavidade é urina, eu tenho muita creatinina nessa amostra e aí a creatinina do líquido vai ser um valor bem maior que a do sangue. E isso vale pra dosar colesterol, triglicérides, bilirrubina...tudo a gente compara sangue e efusão. Inclusive quando pensamos em hemorragia na cavidade abdominal. A gente faz o hematócrito do sangue e da efusão. Se na efusão está maior, estamos perdendo sangue para a cavidade...hemorragia ativa...corre que é emergência! Então, antes de mandar a efusão, troca uma ideia com o seu patologista clínico pra ver se vale mandar a amostra de sangue junto, se manda o soro e aí ninguém perde tempo pra ficar pedindo amostra que não foi enviada. Quem ganha com isso é o paciente que vai ter um diagnóstico rápido e eficaz!

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Gisele Conti é graduada em Medicina Veterinária desde 2006 e possui especialização em Patologia Clínica. Atua na rotina laboratorial tanto com Patologia Clínica quanto com Citologia Veterinária há mais de 10 anos. Ministra cursos de laboratório clínico, além de participar de palestras e realizar mentorias e consultorias sobre o tema.


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