Pai João de Aruanda entrevistado por Robson Pinheiro – Espírito e médium, no mesmo vídeo, novamente.
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 Published On Premiered Jul 30, 2022

Robson Pinheiro entrevista o espírito João Cobú, o querido Pai João de Aruanda.

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Pai João, alforria, mandinga, mironga de preto-velho. Talvez essas palavras, usuais nos terreiros e demais ambientes onde se faz presente a cultura negra, não soem muito bem aos ouvidos sensíveis das pessoas acostumadas com o vocabulário mais requintado da atualidade. Diretamente da senzala para os ouvidos atentos dos filhos de fé, expressão típica deste espírito amigo, as palavras de Pai João de Aruanda induzem-nos à reflexão e à reavaliação de conceitos e atitudes. Negro ancião sempre presente em nossas atividades, deixa transparecer neste vídeo – assim como fez no livro que leva seu nome – o perfil de seu espírito já esclarecido, que prefere se apresentar numa roupagem que incita muitos preconceitos e desafia tradições e padrões estabelecidos no movimento espírita brasileiro.

De suas palavras transparece a sabedoria milenar de quem experimentou desde a disciplina dos templos iniciáticos, na Antiguidade, até a chibata do feitor de escravos, nas fazendas de Pernambuco e da Bahia. A riqueza das experiências vividas o fez mais próximo das dores humanas e o liberou do orgulho das academias e das convenções, proveniente de certa reencarnação na América do Norte, na pele do Dr. Alfred Russel. Arrojado, Pai João não se mostra como um velho, no sentido físico que essa palavra evoca. Robusto, escolhe o aspecto de ancião como forma de atestar a capacidade adquirida durante os milênios de lutas e aprendizado tanto quanto a ancestralidade de sua sabedoria. Sem modismos exóticos ou palavras truncadas, mostra-se lúcido ante os avanços da ciência terrena e faz a opção de trabalhar estreitamente ligado e intimamente comprometido com a ciência da alma ou a alma da ciência, como diz muitas vezes.

Das ervas, raízes e flores, extrai amplo ensinamento, usando-os como elementos de uma metáfora divina na condução de seus filhos espirituais. As mirongas, os segredos e cânticos sagrados se transformam, na boca de Pai João, em ferramenta de crescimento para seus tutelados, demonstrando seu profundo conhecimento acerca da vida do espírito e das questões humanas.

De mais a mais, ele mesmo é uma alma cabocla, negra, embora alforriada pela lei divina. É com este aspecto que ele se apresenta – negro como a mãe África, como o sangue do Brasil que corre nas veias brancas, mulatas, indígenas e ciganas, miscigenado no produto de todas as fusões que foram capazes de fazer desta gente brasileira um povo único e, de modo geral, fraterno. Impossível pensar no panorama espiritual do Brasil sem levar em conta o elemento caboclo, o negro e sua imensa contribuição para a formação cultural e religiosa do nosso país.

Assim sendo, o ambiente psíquico brasileiro, certamente bastante distinto da atmosfera espiritual dos países europeus, está singularmente marcado pela cultura dos ex-escravos e amplamente povoado pela força negra e por seus representantes. Os tambores, as cantigas, as danças, o ritmo cadenciado e a fala cheia de parábolas, mirongas e mandingas ressoam no panorama extrafísico brasileiro. Como pretender ficar apartado da própria história?

Seja nos barracões de candomblé, nas tendas umbandistas ou nos centros espíritas, os representantes espirituais desse povo se apresentam e, apesar do preconceito, velado ou declarado, trabalham. A despeito das limitações impostas pelos encarnados, da incredulidade ou da atitude discriminatória daqueles que defendem a bandeira da pureza, chegam devagar, de mansinho, como a nos dizer que nossa gente já nasceu miscigenada; não somos raça pura – isso existe? – nem pretendemos defender a pureza, seja ela qual for. Somos plurais, cosmopolitas, brancos, negros, índios, vermelhos e amarelos, com a carta da alforria espiritual concedida pelo Cristo.

Pai João é um amigo espiritual presente em todo desafio que a vida nos reserva. Suas palavras trazem sempre fartas lições de sabedoria; suas histórias são como parábolas da vida moderna; seus cânticos e mantras, hinos de exaltação à vida e ao amor; sua aparência negra e anciã, um desafio à forma excludente como temos tratado as pessoas e os espíritos em nossa sociedade.
Enfim, Pai João apresenta-se munido de uma experiência ancestral, disfarçado na simplicidade de um velho negro alforriado pela lei áurea da vida. As palavras que você ouvirá aqui foram ditas com o coração de um ex-escravo. Profundas em seu significado e grafadas num vocabulário informal e contemporâneo, apresentam-se como ensinamentos e reflexões, convites para uma viagem íntima e pessoal ao país das emoções e dos sentimentos. Isso é Pai João.
Crédito: reprodução, com adaptações, do texto de apresentação do livro Pai João, autoria de Robson Pinheiro, pelo espírito João Cobú, editado pela Casa dos Espíritos Editora.

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