Nitrogênio em trigo
Paulo Adami Paulo Adami
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 Published On Jun 20, 2020

Critérios de uso, dose, época de aplicação, fonte de N a se utilizar..

Quero aproveitar para falar um pouco sobre a viabilidade da adubação nitrogenada, os critérios que devem ser considerados, o momento de aplicação, quantidade (kg N ha) e fonte de N (uréia).

Dizer também que eu entendo os desafios e os riscos que se corre com a cultura do trigo, principalmente quando se pratica médio-alto investimento, uma vez que geadas tardias, chuva e vento na colheita podem provocar grandes perdas e que muitas vezes, um produtor que investe R$ 1500 reais por hectare acaba tendo mais lucro do que o seu vizinho que investiu R$ 2000 reais por hectare.

Por isso vou destacar alguns critérios que devemos considerar na definição do manejo de N:

Ambiente de produção: Novos materiais inseridos recentemente no mercado, tem um potencial produtivo muito maior, mas são mais exigentes em fertilidade do solo e manejo.

1 Cultura antecessora (milheto x crotalária e/ou gramínea ou leguminosa)

Nesse sentido, se você fez a semeadura do trigo sobre uma palhada de milheto, é indicado ou que você aumente a quantidade de N na base (use um formulado com valores de 8 a 12% de N) ou que você antecipe um pouco a entrada de uréia em cobertura. Por outro lado, se você tinha uma leguminosa (crotalária por exemplo), você pode diminuir o N na base ou atrasar um pouco a entrada de N em cobertura. O intervalo de dessecação também deve ser levado em consideração. Quanto menor o intervalo entre dessecação e semeadura, antes deve-se se fazer o posicionamento de N em cobertura.

2 - Expectativa de rendimento

Qual a expectativa de rendimento do produtor? 60 sacas por ha? Hoje os materiais tem genética para ultrapassar as 80 sacas por ha ou 200 sacas por halq. Bom, aí para ele conseguir chegar aos 5 mil kg por hectare, faz se necessário aplicar em torno de 100 kg de N por ha. Entendo que na média, a grande maioria dos produtores trabalha hoje com essa dose de 2-3 sacas por hectare e que talvez esse seja um limitante a atingir novos tetos produtivos.

Quando aplicar? No perfilhamento - essa é a fase em que a planta esta determinando o numero de perfilho e o numero de espiguetas por espiga e vai ser muito importante lá na frente, no numero de grãos por hectare e rendimento final.

Outro aspecto importante é quanto aplicar, porque isso vai mudar a estratégia de se fazer uma ou duas aplicações, além da aplicação de base. Para aplicações por volta de 80 - 100 kg de N/ha (4 a 5 sacas uréia/ha), se o produtor aplicou 20-30 kg de N na base, ele pode atrasar um pouco a entrada do N em cobertura para quando a planta de trigo tiver 2 perfilhos, a planta de já vai estar com um sistema radicular mais desenvolvido, e ele pode fazer uma única aplicação. Para níveis acima disso, ele tem que pensar em parcelar a aplicação, que ele pode então fazer no início do perfilhamento e outra no final do perfilhamento. Aplicações tardias, geralmente não tem efeito sobre rendimento, mas sim sobre a qualidade industrial de farinha. Como a maior parte das empresas não remunera o produtor por qualidade e sim por quantidade, muitos acabam não adotando essa estratégias de manejo. Fazer 1 aplicação em cobertura.

Qual a fonte? Nós temos uma janela relativamente longa de aplicação, dias curtos, temperaturas baixas e bastante chuva, então, não vejo motivo para se trabalhar com fontes protegidas, até porque elas ainda são bem mais caras. Assim, recomendo utilizar ureia comun mesmo. Lembrem que no verão a perda é maior, porque as altas temperaturas (28-30 C) favorecem a volatilização da amônia, que apresenta perdas acumulativas.. então, eu apliquei 100 kg de N ha, no primeiro dia após a aplicação vou perder 7-10%, no segundo dia mais um pouco e assim por diante, leva 8-10 dias para chegar a perdas de 50% (isso em condição de alta temperatura e solo seco)... então, é importante que chova nos próximos dias ou que você aplique antes ou após um chuva... o orvalho da manha já representa 2 a 3 mm e vai fazer com que a amônia se transforme em amônio e não seja volatilizada.

Para esses níveis de N, é importante monitorar a lavoura, e caso necessários (depende das condições de crescimento e da cultivar de trigo), se posicione redutor de crescimento no 1 nó visível.

Uso de Azospirillum é uma prática que precisa ser mais difundida.

Que tenhamos uma ótima safra de trigo em 2020/2021
Abraço

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