O governador do Rio, Cláudio Castro, afirma que foi informado há uma semana sobre o caso dos pacientes infectados com HIV após transplantes no estado. No entanto, documentos obtidos pela BandNews FM mostram que uma primeira notificação foi enviada à Secretaria de Estado de Saúde e à Fundação Saúde pela Central Estadual de Transplantes no dia 13 de setembro.

No dia 2 de outubro, a secretária estadual de Saúde, Cláudia Mello, foi notificada, por e-mail, sobre um novo "evento adverso grave". Dois dias depois, ela determinou a abertura de uma sindicância para apurar os fatos.

Em entrevista durante agenda nesta terça-feira (15), no entanto, Castro afirmou que ficou sabendo das infecções dias antes da veiculação da notícia pela BandNews FM, na última sexta-feira (11).

O político também disse que as três primeiras ações tomadas foram a abertura de sindicância na saúde, de auditoria no âmbito da controladoria para apurar os contratos com o laboratório e da investigação policial.

A reportagem questionou o governo sobre a ausência de uma comunicação ao governador sobre o problema na data das notificações, mas não teve retorno.

Também nesta terça, Cláudio Castro garantiu que o deputado federal Dr. Luizinho não interferiu na contratação do PCS LAB. O parlamentar é parente de dois sócios da unidade, responsável pela falha nos testes de dois doadores de órgãos que culminou na infecção de seis transplantados com HIV.

O governador disse que o primeiro contrato firmado com o PCS foi em 2021, em um pregão com participação de outros seis concorrentes.

A licitação emergencial foi feita pela Fundação Saúde, entidade ligada ao Governo do Estado que assumiu a administração de unidades de saúde no lugar das Organizações Sociais.

Ao ser questionado sobre uma eventual participação de Dr. Luizinho na escolha pelo PCS Lab, o governador negou qualquer interferência por parte do parlamentar.

Em dezembro do ano passado o laboratório passou a fazer os exames em doadores de órgãos. Após as contaminações, todos os testes passaram a ser responsabilidade do Hemorio.

O governador disse estar indignado com o caso, que classificou como uma "crise sem precedentes", e se solidarizou com os infectados e familiares.

De acordo com o governador, até sexta-feira todos os 286 resultados dos exames feitos em doadores no Hemorio devem estar prontos.

Cláudio Castro defendeu punição aos culpados pelo "erro gravíssimo", mas ponderou que o programa de transplantes não deve perder a credibilidade.

Nesta terça-feira (15), um Centro de Emergência foi criado pela Secretaria de Estado de Saúde para acompanhar os transplantes no Rio. A medida foi publicada no Diário Oficial do Estado.

O deputado estadual Flávio Serafini começou a recolher assinaturas nesta terça para pedir a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar o caso. Segundo o político, um dos objetivos da CPI é esclarecer quais são os laboratórios autorizados a executar testes pela Fundação Saúde e verificar a legalidade dos contratos celebrados. Para a abertura da CPI, são necessárias ao menos 24 assinaturas.

Reportagem: João Boueri

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